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A mostrar mensagens de março, 2012

O mistério da aparente imutabilidade

Há pessoas que parecem não mudar. Ontem, enquanto esperava pelo meu na paragem, olhei para dentro de um outro autocarro e quem vejo? Um rapaz dos tempos da faculdade. Um rapaz que todos os dias apanhava o mesmo autocarro que eu e que se sentava invariavelmente no mesmo lugar. Um rapaz que, apesar de morar na mesma cidade, andar na mesma universidade, ter aulas muitas vezes na sala contígua à minha e apanhar o mesmo autocarro no mesmo horário, nunca me dirigiu a palavra. Nem em resposta ao meu olá. Ali ia ele, sem ouvir música, sem ler um livro, um jornal, uma revista, sem falar com ninguém. Sempre vestido com as mesmas cores - verde, bege, castanho - sempre com óculos do mesmo formato, sempre com a mochila ao colo, sempre com a mesma expressão de lábios cerrados com um leve sorriso sarcástico no canto da boca, quase imperceptível. Cara redonda, cabelo encaracolado e sempre bem cortado, expressão impenetrável. Tudo igual, durante cinco anos. E, quase doze anos depois, ali estava ele. N